Fotografar é habitar o instante como quem respira luz e sombra ao mesmo tempo, é tocar o efémero e transformá-lo em eternidade. Cada imagem é um labirinto de signos, um mapa secreto onde o visível se mistura ao imaginado, e a percepção se dobra sobre si mesma, revelando mundos que ninguém nomeou. Quanto mais me entrego a esta paixão, mais ela se expande como um eco subterrâneo que reverbera dentro de mim, multiplicando descobertas, desvelando nuances que escapam ao olhar apressado. O clique não é gesto mecânico; é pulsar do coração, linguagem silenciosa que traduz o que palavras jamais conseguiriam tocar. Fotografar é decifrar murmúrios da luz, interpretar a poesia das sombras, transformar o comum em sagrado, o instante em eternidade. Cada fotografia é metáfora viva: a cor é emoção, a textura é pensamento, o enquadramento é filosofia, signos que se entrelaçam e contam histórias invisíveis. A paciência e a contemplação alimentam a paixão, como um rio subterrâneo que serpenteia e, silencioso, desagua num mar de emoções inesperadas. Cada instante capturado é encontro com o novo, diálogo secreto entre o mundo que existe e o que somos capazes de perceber, espelho da alma que se expande. Amar fotografar é entregar-se à dança do tempo, da memória e da luz, onde cada fragmento de realidade se torna signo, cada sombra é metáfora, cada momento, um poema sem fim.